segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Mercadante em entrevista no SPTV

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, é entrevistado nesta segunda-feira (13), no SPTV, pelos apresentadores Chico Pinheiro e Mariana Godoy. Clique aqui e veja a íntegra da entrevista.
Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas:


Chico Pinheiro: Bom dia, candidato.
Aloizio Mercadante: Bom dia Chico, bom dia Mariana.
Mariana Godoy: Bom dia.
Chico Pinheiro: Candidato, uma das propostas que o senhor tem para a área da saúde é usar dinheiro público para pagar hospitais e clínicas particulares, para compensar a dificuldade do atendimento na área pública, principalmente em horários mais difíceis, como à noite e fins de semana. De onde vão vir os recursos para isso? O senhor vai usar, por exemplo, recursos hoje que são das AMEs, dos ambulatórios de especialidades médicas? Como é que o senhor vai fazer isso?
Aloizio Mercadante: Chico, nós precisamos ampliar a oferta de leitos, precisamos construir oito hospitais regionais, algumas regiões do estado são muito carentes, o atendimento hospitalar. E nós precisamos expandir a AME, que é uma boa proposta. O governo federal está construindo também em são Paulo 123 UPAs, unidades de pronto atendimento. É atendimento 24 horas por dia, as maiores são para as grandes cidades, 25 leitos UTI, então qualquer emergência vai para a UPA para aliviar os hospitais. Mas mesmo assim, nós temos algumas doenças como o câncer, que é uma doença que não pode esperar na fila, porque a pessoa tem o início de um processo de câncer, se ela for tratada antecipadamente tem cura. Se você esperar, pode virar uma metástase. Trinta por cento dos pacientes de câncer no estado estão esperando em torno de seis meses para ser atendido. Como é que a gente resolve isso? Um acelerador linear, por exemplo, custa entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, fora a construção do bunker onde ele fica localizado. É muito caro, e demora para a gente poder responder em várias regiões do estado, porque está sobrecarregando Barretos, o Hospital do Câncer de Jaú, o Hospital do Câncer de São Paulo. Então, nós vamos fazer uma parceria com as clínicas e hospitais particulares, a exemplo do que nos fizemos com o ProUni. O ProUni foi uma grande solução. O ProUni substitui a universidade pública? Não, mas nós demos uma bolsa de estudos, as pessoas usam e o custo é muito barato. Por quê? Porque à noite e nos finais de semana esses equipamentos estão parados. Ora, se eu pago pouco...
Chico Pinheiro: Mas estão parados mesmo?
Aloizio Mercadante: Estão, à noite estão, à noite as clinicas particulares e os laboratórios praticamente são inutilizados, e nos finais de semana.
Mariana Godoy: E na prática como isso seria feito?
Aloizio Mercadante: Onde tiver capacidade ociosa a gente faz um convênio para usar aquele período em que não está sendo usado o equipamento, com isso nós vamos melhorar os exames, diagnósticos, tratamentos importantes, como hemodiálise, cateterismo e oncologia e câncer, e vamos, ao mesmo tempo, começar a implantar, aumentar a oferta...
Mariana Godoy: Esses...
Aloizio Mercadante: Com todas essas 30 AMAs que nós queremos construir, os oito hospitais regionais, ampliar as unidades de pronto-atendimento para melhorar a situação da saúde. Mas a gente resolve rapidamente a diminuição das filas.
Mariana Godoy: A minha dúvida é: esses hospitais e clínicas particulares receberiam o equivalente ao que estado paga hoje pelo SUS?
Aloizio Mercadante: Lógico, tem que...
Chico Pinheiro: Eles cobram muito mais caro, né...
Aloizio Mercadante: Não, eles cobram caro se você for disputar horário comercial. Mas no horário que ele não está operando...
Chico Pinheiro: Mas foi feita uma pesquisa disso?
Aloizio Mercadante: Foi feita uma pesquisa, não só foi feita, como se você passar em qualquer clínica particular, qualquer laboratório no período da noite, não tem ninguém, porque as pessoas que pagam não querem ser atendidas à noite. Mas as pessoas que estão na fila, desesperadas para serem atendidas, a gente resolve com um custo muito barato, como uma política de emergência. Essa política não substitui a necessidade de ampliar as AMEs, de ampliar os hospitais. Mas nós não temos tempo para deixar uma pessoa na fila falando “espera aí, que daqui a um ano te entrego um hospital”. Não, vamos tratar agora. É um custo muito barato e o resultado, muito grande. E o ProUni, nós criamos 700 mil vagas nas universidades dando incentivo fiscal para as universidades particulares, e em contrapartida uma bolsa de estudos.
Chico Pinheiro: Senador, educação. O senhor disse que é uma das prioridades do seu governo. Só que a experiência que nós tivemos em São Paulo, na administração do seu partido, educação, que é prioridade, a gente viu, não conseguiu nem eliminar completamente as escolas de lata em São Paulo, depois de quatro anos de governo.
Aloizio Mercadante: Olha...
Chico Pinheiro: Como é que o senhor vai fazer isso no estado?
Aloizio Mercadante: Não, primeiro, eu acho que na administração da Marta teve coisas muito importantes na educação. O uniforme escolar que não tinha, o Vai e Volta, que levava os alunos e trazia para escola. Hoje não existe mais e que faz muita falta nas famílias mais pobres. Os CEUs, o CEU é uma coisa belíssima! Você tem ali esporte, cultura, educação, um projeto que mudou a paisagem, deu uma dignidade para os alunos. Agora, e o governo Lula, nós triplicamos a verba para educação. Nós criamos 700 mil vagas para o ProUni, dobramos o número de alunos nas universidades públicas federais. Aqui em São Paulo, eu ajudei a trazer a Universidade Federal do ABC, que eu fui relator, a Universidade de Osasco, em Guarulhos, estamos fazendo uma agora na Zona Leste e outra na Zona Sul, na Baixada Santista, em Sorocaba, ampliamos a rede da universidade...
Chico Pinheiro: Vamos falar...
Aloizio Mercadante: E as escolas técnicas.
Chico Pinheiro: Educação é fundamental.
Aloizio Mercadante: Estou falando assim, o governo Lula fez muito, e eu, como líder do governo, ajudei a dar prioridade na educação...
Chico Pinheiro: Mas o CEU, o CEU, o CEU é o paraíso. Só que o CEU não é para todos.
Aloizio Mercadante: Não é para todos, mas ele pode ajudar a dar suporte a toda a atividade de cultura e de esporte daquela região e da rede escolar nos horários de folga dos alunos. E é um projeto estruturante, tanto é muito bom que, inclusive, que teve alguma continuidade. Nós precisamos expandir essas experiências. O que é que nós temos que fazer na educação, Chico? Primeiro, tem que acabar com a aprovação automática. Você não imagina o que é que é a dor que você sente na rua de uma mãe chegar para você, uma avó, todos os dias que eu estou na rua, e falar assim “meu filho ou meu neto não sabe ler e escrever, está na 5ª série, o que é que está acontecendo, o que é que vai ser dele no futuro”. Só que você não recupera esse tempo perdido. Os anos que se foram você depois não tem como resgatar depois. Uma geração que está sendo prejudicada. Então, não adianta fazer coisa boa para poucos. Só fazer ETEC, FATEC, você precisa fazer ensino público...
Chico Pinheiro: CEU é para poucos.
Aloizio Mercadante: De cinco milhões de alunos com ensino de qualidade.
Chico Pinheiro: CEU para todos, por exemplo, custa dinheiro...
Aloizio Mercadante: Escola tem que ter avaliação. Segundo, tem que fazer concurso para professor. Metade dos professores nem concurso tem, não tem estabilidade, não tem carreira.
Chico Pinheiro: Então vamos falar de onde vem dinheiro para fazer essas coisas. Por exemplo, né.
Aloizio Mercadante: De onde vem o dinheiro, Chico...
Chico Pinheiro: O senhor diz que não vai cortar imposto...
Aloizio Mercadante: Tem R$ 30 bilhões no orçamento...
Chico Pinheiro: Mas o senhor diz que não vai cortar imposto...
Aloizio Mercadante: O Brasil hoje está crescendo 7% ao ano. O crescimento econômico aumenta de forma espetacular a receita do estado. Nós somos o estado mais rico do Brasil. Como é que nós podemos pagar salário para professores que é o 19º salário no Brasil, um dos piores salários do país. Então tem recurso para investir em educação e tem que pagar direito professor, tem que valorizar carreira de professor, tem que formar o professor, tem que ter avaliação porque isso dá autoridade ao professor na sala de aula e tem que ter aula de reforço. E progressivamente a gente fazer a parceria com o Governo Federal, que é o “Mais Educação”, que é o que, metade do período o aluno vai fazer cultura, esporte, reforço em leitura, redação e matemática. Com isso a gente pode dar um salto muito grande na rede e, progressivamente, ir implantando ensino em tempo integral no ensino médio, para que o aluno saia com uma profissão, saia com perspectiva de trabalho. Agora, investir em educação é investimento, não é gasto. Se nós quisermos criar a sociedade do futuro, que é a sociedade do conhecimento, São Paulo tem que liderar isso no Brasil. Nós somos o estado mais rico da Federação e precisamos dar prioridade absoluta à educação. Eu vou dar prioridade absoluta.
Chico Pinheiro: Nós temos um minuto para terminar o nosso tempo e a Mariana tem uma pergunta sobre habitação.
Aloizio Mercadante: Só de poder falar de educação já valeu toda a entrevista.
Mariana Godoy: Educação realmente é uma questão bastante importante. Outra questão que interessa bastante aos nossos telespectadores, aos eleitores, é a questão da habitação. Na sua opinião, o Governo do Estado faz pouco pela habitação, construção de casas populares, mas foram construídas 20 mil em cerca de um ano.
Aloizio Mercadante: Isso mesmo.
Mariana Godoy: O Governo Federal construiu pouco mais de três mil. Como acelerar esse compasso e como fazer para que esse déficit habitacional seja resolvido?
Aloizio Mercadante: O Governo do Estado tem construído em torno de 20 mil. O governo Lula está construindo 114 mil.
Chico Pinheiro: Em São Paulo, 3 mil...
Mariana Godoy: A gente está falando só para renda baixa, de um a três salários.
Aloizio Mercadante: Não, não, não. Prontas, 3 mil. Em construção, contratadas pela Caixa Econômica Federal no programa “Minha Casa, Minha Vida”, são 114 mil casas que estão sendo construídas. É cinco vezes mais que o governo estadual. O que que nós temos que fazer? Temos que trabalhar juntos. Trabalhar junto inclusive para usar a área central da cidade, sáo zonas econômicas de interesse social, ou seja, áreas que têm estrutura, têm saneamento, têm transporte e, no entanto, não tem gente morando. O centro da cidade tem 40 empregos para uma família morando. Você vai em Itaquera, tem 20 famílias morando para um emprego. Nós precisamos dar incentivo fiscal para levar as empresas pqra Zona Leste e para Zona Sul da grande cidade e fazer investimento de moradia popular no centro da cidade, porque eu não vou precisar investir em saneamento, habitação, transporte e a gente revitaliza o centro da cidade e dá um salto de qualidade. Trabalhando CDHU junto com o Governo Federal, “Minha Casa, Minha Vida”, nós vamos fazer muito mais e muito melhor do que tem sido feito.
Chico Pinheiro: Candidato Aloizio Mercadante muito obrigado pela sua participação aqui. Passa rápido o tempo, mas é assim...
Aloizio Mercadante: Chico, eu queria aqui publicamente agradecer a qualidade da entrevista e poder debater temas tão importantes e parabenizar a Globo que tem feito uma cobertura republicana das eleições.
Chico Pinheiro: Muito obrigado, candidato.
Aloizio Mercadante: Obrigada a você.
Mariana Godoy: Obrigada.

*Fonte: Portal G1

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